Oscar 2010: Nine


Indicado nas categorias: atriz coadjuvante, direção de arte, figurino e canção

Olha, minha primeira grande decepção até aqui. Filme chato, arrastado, confuso e sem um pingo de charme. Eu levava muita fé no longa de Rob Marshall, principalmente porque o diretor havia conseguido um bom resultado com Chicago, em 2001. Por isso, não deixa de ser frustrante que ele tenha desperdiçado tantos talentos em um musical fraco, que não consegue empolgar em nenhum momento.

O filme é inspirado em uma peça da Broadway, uma versão do 8 1/2 de Fellini. Na história, o cineasta Guido Contini enfrenta uma crise pessoal e também criativa, e não consegue seguir com seu próximo projeto. É impressionante como Daniel Day-Lewis parece estar sofrendo de falta de inspiração mais grave até do que seu personagem. Excelente ator, ele constrói um Contini que não parece estar angustiado, atormentado, em crise: parece um fraco, um homem covarde, pego em suas próprias mentiras.

A indicada Penélope Cruz está muito bem em cena, como de costume, e parece que está se especializando em  mulheres complicadas. Ela já provou que é boa atriz (e vem sendo reconhecida por isso), e tem acertado na escolha dos papéis. Mas talvez ela merecesse mais a indicação por sua Lena de Abraços partidos. É uma personagem mais complexa e com mais nuances. Além do mais, em Nine, ela tem uma concorrente à altura, que é Marion Cotillard, perfeita no papel da mulher enganada que até o último momento tem esperança de salvar seu casamento. Como tal, ela precisa ser mais contida que a amante fogosa, mas não deixa de ser comovente.

Só que essas boas atuações se perdem ao emaranhado visual/musical de Rob Marshall. O roteiro é capenga, as canções são ruins de doer e o resultado é uma colcha de retalhos mal costurada. O grande número de coadjuvantes de luxo é um desperdício, e o resto do elenco não justifica sua presença em cena. Tadinha da Sophia Loren, não precisava de uma caricatura de mamma italiana em seu currículo. Kate Hudson é a única que parece estar se divertindo (afinal, não é um musical?), mas também não acrescenta nada. E, acreditem ou não, Fergie, sem uma linha de texto, é a única que se salva, no melhor número do filme. Acostumada a fazer caras e bocas nos clipes do Black Eyed Peas, com um olhar, ela consegue dizer mais que a maioria das personagens secundárias. Pouco, muito pouco, para um filme que prometia tanto.



No próximo post: Educação
Giselle de Almeida

Um comentário:

Fabiane Bastos disse...

Ainda não vi Nine, mas não me surprende a reação negativa. E não tem nada a ver com o fato de saber q vc não é muito fã de musicais.

O motivo é que, só p/ ser mais contraditória, a viciada aki não gostou de Chicago e quando vi o trailer de Nine, sinceramente senti como se fosse o mesmo filme.

Ainda quero ver Nine. Torcendo para não ser mais do mesmo!