Oscar 2010: Guerra ao terror


Indicado nas categorias: filme, direção, ator, cinematografia, edição, trilha sonora, roteiro original, som e edição de som

O filme de Kathryn Bigelow é um caso inusitado no Oscar: campeão de indicações ao lado de Avatar, o longa foi solenemente ignorado pelas distribuidoras antes de começar a ganhar prestígio em premiações internacionais. Dizem que o lançamento nos Estados Unidos foi tímido, e por aqui, conseguiu ser ainda pior. Rodado em 2008, saiu direto em DVD, sem nenhum destaque. Por tudo isso, quando Guerra ao terror surgiu como um dos favoritos ao prêmio da Academia, eu não conseguia parar de pensar: como é que eu nunca ouvi falar desse filme antes? Pois foi só aí que alguém se dignou a lançá-lo nos cinemas. Mico é pouco.

A história é muito boa, e o filme é super bem feito. Merece bem mais a estatueta que os smurfs matrixianos de Cameron. Já disse aqui no blog mais de uma vez que guerra é sempre um tema complicado, e cair na mesmice é o destino da maioria que se aventura pelo assunto. Mas com um roteiro de primeira e uma direção de atores sensacional, Kathryn consegue nos aproximar de verdade de um grupo de soldados americanos que trabalham desativando bombas no Iraque. O filme é tenso o tempo todo, na medida exata. Se para nós assistir àquela rotina durante 120 minutos já é punk, imagina o nível de estresse em que homens como aqueles não devem viver.

E um dos grandes méritos de Guerra ao terror é que os militares, acima de tudo, são humanos. E, ainda bem, somos poupados daqueles clichês chatíssimos de patriotismo, realização pessoal, honra, blá blá blá.  Tudo bem, a gente tem o cara mais sensível, que tem dificuldade de lidar com a perda dos amigos em combate, o outro que vai ganhando consciência de que um dia ninguém vai sentir falta dele, mas temos também um militar tão kamikaze quanto os homens-bomba iraquianos. Aliás, Jeremy Renner, bastante convincente, fez por merecer sua indicação: acostumado a viver no limite, o sargento William James fez da adrenalina seu combustível, a razão para continuar de pé dia após dia. Tem coisa mais triste do que voltar para casa, inteiro e em segurança, e se sentir infeliz?

Confesso que gostei bem mais do longa do que imaginava: é um filme de guerra com lente de aumento. Acompanhando cada passo daqueles militares, é como se nós mesmos estivéssemos no campo de batalha. Dá para pensar como eles, sentir como eles, ter medo como eles. Às vezes um pouco de sensibilidade é mais eficiente que mil figurantes e explosões a cada cinco minutos para falar sobre a guerra e seus efeitos devastadores.

No próximo post: Nine
Giselle de Almeida

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