Pra alguém da minha idade, ver A princesa e o sapo é uma experiência um tanto nostálgica. Já estava desacostumada de assistir a uma animação com números musicais, por exemplo. Funciona, e o longa tem uma história amarradinha e personagens carismáticos, e isso já é meio caminho andado para um bom filme. Junte-se a trilha sonora inspirada na música de Nova Orleans, e o resultado é bem simpático, mas a sensação que se tem é de que a Disney, mais uma vez, ficou devendo.
Tiana é uma jovem que trabalha além da conta para juntar dinheiro e realizar o sonho de seu pai: abrir um restaurante, e assim conseguir uma vida mais confortável para ela e sua mãe. Apaixonar-se é uma de suas últimas preocupações, mas ela não contava com um sapo que cruzaria o seu caminho. O animal, na verdade, é o príncipe Naveen, que foi enfeitiçado, e precisa ser beijado para voltar ao normal. Só que as coisas não saem bem como o planejado, e Tiana é quem acaba sendo transformada em sapo. Uma história de amor impossível, as lições de moral, uma heroína batalhadora, um príncipe arrogante que vai aprendendo a ser mais pé no chão durante a jornada... Está tudo lá. Isso sem falar nos divertidos personagens secundários que dão vida ao filme, como o vagalume Ray, o crocodilo Louis e a impagável Mamãe Odie.
Asó que, apesar de ter gostado do resultado, não dá para não ter saudade das animações da minha infância. Talvez eu esteja só mal acostumada: já nem lembrava mais a última animação tradicional eu tinha visto antes desta. Natural, já que a parceria com a Pixar só fez bem ao estúdio e produziu filmes que se tornaram referência (e meus queridinhos também). Mas, apesar de fã do 3D, nunca consegui enxergar uma técnica como melhor que a outra. Isso sem falar também que aquele marketing todo em cima da primeira protagonista negra é a maior bobagem (que o diga a Helena de Manoel Carlos). Já tivemos personagens étnicas antes em Pocahontas, Anastasia, e Mulan. A primeira ainda foi bem-sucedida, mas, excluindo os longas da era Pixar, qual foi mesmo o último grande sucesso da Disney? Pois é.
O fato é que ninguém me convence de que o estúdio está ficando cada vez mais careta. Um bom exemplo são as sequências musicais, que são um prato cheio para os animadores fazerem a festa em estripulias visuais, mas que estão cada vez mais contidas. Outro dia, vendo A bela e a fera (pela primeira vez!), fiquei apaixonada pela cena do jantar de boas vindas de Bela. E uma das minhas favoritas de todos os tempos é a de Dumbo, quando o elefantinho fica bêbado. Uma obra de arte. Pena que ousadias como estas estão ficando cada vez mais raras.
Vídeo da canção Dig a little deeper, de A princesa e o sapo (2009):
Vídeo da canção Be our guest, de A bela e a fera (1991):
Vídeo da canção Pink elephants on parade, de Dumbo (1941):
No próximo post: Guerra ao terror
2 comentários:
A Bela e a Fera é um dos meus favoritos de todos os tempos (rs)
Lembro-me de ter visto duas vezes seguidas no cinema.
Quanto mais eu assisto desenhos mais me surpreendo em como eu gosto deles. :)
Mesmo com toda a "caretisse" que tem se alastrado... :)
Acho que o que afeta a Disney é o tal do efeito do politicamente correto, as vezes é exagerado e empobrece suas produções. E só p/ constar Anastácia não é Disney.
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