Oscar 2014: Alabama Monroe


Indicado na categoria: filme estrangeiro (Bélgica)


Não se deixe enganar pelo agradável número musical que abre Alabama Monroe. Assistir ao filme belga é embarcar numa intensa gangorra emocional que acompanha a vida do casal Elise (Veerle Baetens) e Didie (Johan Heldenbergh, coautor da peça que deu origem ao longa). O início da relação entre a tatuadora e o músico representa o lado mais doce dessa história, enquanto a doença da filha deles, Maybelle (Nell Cattrysse), confere tons bem mais escuros à narrativa, que segue em ritmo não linear. A alternância entre as situações, pontuada por belíssimas canções de bluegrass (um estilo musical bem próximo do country), conduzem o espectador a uma experiência, no mínimo, intensa.

Não demora muito para percebermos que o longo tratamento da criança é a prova mais difícil enfrentada pela dupla: nem a gravidez inesperada foi capaz de abalar tanto o relacionamento. E isso é tudo que se pode contar da trama sem correr o risco de revelar demais, embora o filme, dirigido por Felix Van Groeningen, não esteja muito interessado em seguir um rumo inesperado. A jornada dramática dos personagens  e seus questionamentos diante dos acontecimentos são o que realmente conta.


O carisma da atriz mirim impressiona, mesmo nas cenas mais complicadas para uma menina de tão pouca idade. Mas o melhor da produção são mesmo as performances de Veerle e Johan, convincentes tanto como casal apaixonado, sofrido ou distante. O único porém parece ser a paixão inexplicável do protagonista pelos Estados Unidos, a tão proclamada terra da liberdade. Em determinado momento, o roteiro parece apresentar uma justificativa, numa inesperada inversão de ponto de vista, mas a tentativa soa bastante artificial. 

A excelente trilha sonora não só ajuda a criar uma atmosfera, mas acompanha o estado de espírito do casal desde o primeiro encontro até os momentos mais desafiadores, o que ajuda a expressar aquilo que às vezes um não consegue dizer para o outro, como na tocante sequência de "Wayfaring stranger". Por fim, o título escolhido para o filme no Brasil (o longa, que é falado em flamengo, se chama The broken circle breakdown nos países de língua inglesa) curiosamente acrescenta um significado especial à história, que só se explica no final. Chegar lá exige bastante preparo emocional, mas o resultado compensa.



No próximo post: Philomena
Giselle de Almeida

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