Indicado nas categorias: filme, diretor (David O. Russell), ator (Bradley Cooper), atriz (Jennifer Lawrence), ator coadjuvante (Robert De Niro), atriz coadjuvante (Jacki Weaver), roteiro adaptado e edição
A premissa é boa, mas O lado bom da vida, não. Talvez a história fosse diferente se o roteiro se esforçasse minimamente para não terminar como uma "Sessão da Tarde" qualquer e não abusasse tanto dos clichês, de subtramas inverossímeis e de personagens secundários tão sem importância. Talvez. Mesmo assim, não justificaria o número de indicações ao seu elenco, que até faz o dever de casa direito, mas não tem muito o que oferecer. Contentar-se com isso é contentar-se com pouco.
Tudo vai bem enquanto acompanhamos o drama de Pat (Bradley Cooper), que se recupera de um fim de casamento traumático numa clínica psiquiátrica. Aos poucos, revelações importantes vão sendo feitas sobre esse passado recente: houve uma traição, há em vigor um mandado de restrição. O espectador vai ficando intrigado e cativado pelo protagonista, que precisa enfrentar agora o cuidado excessivo dos pais, a desconfiança dos antigos amigos, a dificuldade do reajuste à antiga rotina e a angústia pela retomada do antigo relacionamento. Um começo promissor.
A receita de David O. Russell começa a desandar quando Tiffany (Jennifer Lawrence) cruza o caminho de Pat. Ela também vem de um período conturbado, após a morte do marido, e, aparentemente, se enfiou num caminho de remédios controlados e comportamento autodestrutivo. Aparentemente, porque a performance da atriz e o texto apenas sugerem essas questões, mais intuídas que sentidas por quem observa. Qualquer espectador reconhece que o momento em que os dois se encontram marca o início de uma paixão que vai mudar a vida de ambos - nada muito original, mas perfeitamente aceitável. Mas o cara está disposto a reconquistar a ex, e isso é apenas um dos motivos que causam uma certa animosidade entre eles.
Obviamente, é preciso estabelecer uma desculpa para os dois se aproximarem, conviverem e se apaixonarem - outra regra amplamente difundida nas comédias românticas. O motivo (estapafúrdio) escolhido é uma competição de dança, que, descobrimos em determinado momento, Tiffany sempre sonhou participar ao lado do marido. E agora, ela usa o torneio como moeda de troca: ela só vai entregar uma carta escrita por ele a Nikki (Brea Bee) se ele participar da disputa. A partir daí, não é difícil imaginar o caminho que o filme segue, mesmo porque ele utiliza cada convenção cinematográfica possível para cair no lugar comum (só faltaram Chayanne e Vanessa Williams na pista de dança). Duro é acreditar que o longa, que pretendia (e poderia) ser um drama contundente, descambe para um grande pastiche.
É uma pena ver Chris Tucker e Julia Stiles, por exemplo, mal aproveitados em seus papéis. Anupam Kher, que interpreta o analista indiano, tem em mãos o melhor coadjuvante, mas também tem pouco tempo para dizer a que veio. Russell prefere dar destaque ao marido submisso e ao policial que deve ser o único oficial da cidade e trabalha 24 horas por dia, sete dias por semana. Ambos monótonos e sem função prática na trama. Mesmo com os holofotes voltados para seus protagonistas, Robert De Niro consegue se destacar, e Jacki Weaver pega carona. Cooper se esforça e tem bons momentos, mas seu personagem perde muito de sua força conforme o romance se desenrola. Jennifer, mais uma vez indicada por um filme superestimado, segura bem o papel, mas não chega à profundidade que a personagem exigiria. Atuações corretas, não mais que isso. Alguém pode explicar como um filme com tantos problemas consegue ser um dos mais badalados da temporada?
A premissa é boa, mas O lado bom da vida, não. Talvez a história fosse diferente se o roteiro se esforçasse minimamente para não terminar como uma "Sessão da Tarde" qualquer e não abusasse tanto dos clichês, de subtramas inverossímeis e de personagens secundários tão sem importância. Talvez. Mesmo assim, não justificaria o número de indicações ao seu elenco, que até faz o dever de casa direito, mas não tem muito o que oferecer. Contentar-se com isso é contentar-se com pouco.
Tudo vai bem enquanto acompanhamos o drama de Pat (Bradley Cooper), que se recupera de um fim de casamento traumático numa clínica psiquiátrica. Aos poucos, revelações importantes vão sendo feitas sobre esse passado recente: houve uma traição, há em vigor um mandado de restrição. O espectador vai ficando intrigado e cativado pelo protagonista, que precisa enfrentar agora o cuidado excessivo dos pais, a desconfiança dos antigos amigos, a dificuldade do reajuste à antiga rotina e a angústia pela retomada do antigo relacionamento. Um começo promissor.
A receita de David O. Russell começa a desandar quando Tiffany (Jennifer Lawrence) cruza o caminho de Pat. Ela também vem de um período conturbado, após a morte do marido, e, aparentemente, se enfiou num caminho de remédios controlados e comportamento autodestrutivo. Aparentemente, porque a performance da atriz e o texto apenas sugerem essas questões, mais intuídas que sentidas por quem observa. Qualquer espectador reconhece que o momento em que os dois se encontram marca o início de uma paixão que vai mudar a vida de ambos - nada muito original, mas perfeitamente aceitável. Mas o cara está disposto a reconquistar a ex, e isso é apenas um dos motivos que causam uma certa animosidade entre eles.
Obviamente, é preciso estabelecer uma desculpa para os dois se aproximarem, conviverem e se apaixonarem - outra regra amplamente difundida nas comédias românticas. O motivo (estapafúrdio) escolhido é uma competição de dança, que, descobrimos em determinado momento, Tiffany sempre sonhou participar ao lado do marido. E agora, ela usa o torneio como moeda de troca: ela só vai entregar uma carta escrita por ele a Nikki (Brea Bee) se ele participar da disputa. A partir daí, não é difícil imaginar o caminho que o filme segue, mesmo porque ele utiliza cada convenção cinematográfica possível para cair no lugar comum (só faltaram Chayanne e Vanessa Williams na pista de dança). Duro é acreditar que o longa, que pretendia (e poderia) ser um drama contundente, descambe para um grande pastiche.
É uma pena ver Chris Tucker e Julia Stiles, por exemplo, mal aproveitados em seus papéis. Anupam Kher, que interpreta o analista indiano, tem em mãos o melhor coadjuvante, mas também tem pouco tempo para dizer a que veio. Russell prefere dar destaque ao marido submisso e ao policial que deve ser o único oficial da cidade e trabalha 24 horas por dia, sete dias por semana. Ambos monótonos e sem função prática na trama. Mesmo com os holofotes voltados para seus protagonistas, Robert De Niro consegue se destacar, e Jacki Weaver pega carona. Cooper se esforça e tem bons momentos, mas seu personagem perde muito de sua força conforme o romance se desenrola. Jennifer, mais uma vez indicada por um filme superestimado, segura bem o papel, mas não chega à profundidade que a personagem exigiria. Atuações corretas, não mais que isso. Alguém pode explicar como um filme com tantos problemas consegue ser um dos mais badalados da temporada?
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