Festival do Rio 2011: raspando o tacho


Não vai ser por falta de tempo (leia-se preguiça) que vou deixar passar em branco os outros filmes que consegui ver no festival este ano. Sim, a maratona foi mais modesta do que gostaria por motivos de força maior e alguns horários inacessíveis, como sempre. Mas ano que vem tem mais. ;)



Quando anoitece

O longa italiano, na verdade, não foi planejado. Entrou na grade na última hora, substituindo a sessão de 4:44 Last day on Earth, que foi cancelado do festival por problemas técnicos. O drama tem boas atuações e até que vai ganhando o nosso interesse com o desenrolar da trama, bem simplória por sinal: uma mulher que vai passar férias com o filho pequeno nos Alpes. Enfrentando dificuldades com a maternidade, ela encontra apoio no senhorio da casa onde está se hospedando quando passa por um momento difícil. Acontece que o clima de amor e ódio entre os dois não consegue manter a tensão durante o filme inteiro, além de não chegar a lugar algum. Melhor, chega sim: a um desfecho bem frustrante.

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A hora e a vez de Augusto Matraga

O vencedor do Troféu Redentor foi o único representante da Première Brasil a que consegui assistir, que vergonha. Ano que vem vou me dedicar mais à mostra, já está decidido. Mas o filme de estreia de Vinícius Coimbra foi uma boa escolha, afinal de contas. Segunda versão cinematográfica do conto de Guimarães Rosa,  o filme traz mais uma excelente performance de João Miguel, um dos grandes atores do cinema nacional, como o personagem-título nessa linda história de redenção do temido homem que conheceu a morte bem de perto e ganhou uma segunda chance nessa vida. Chico Anysio e José Wilker, como Joãozinho Bem-Bem, abrilhantam o elenco dessa espécie de western de sotaque bem brasileiro.

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Aqui é o meu lugar

Não é uma cinebiografia, embora Cheyenne (Sean Penn), um ex-astro do rock, tenha um quê de Ozzy Osbourne e Robert Smith. Não é um road movie, embora o personagem cruze o Atlântico ao descobrir que o pai, com quem não falava há 30 anos, acaba de morrer. Não é um filme sobre vingança ou sobre a Segunda Guerra, embora o que motiva tal viagem seja a busca pelo oficial nazista que torturou o pobre velhinho. Não é uma comédia, embora te faça rir o tempo todo. Difícil classificar a obra de Paolo Sorrentino, mas é possível dizer que é um drama com diálogos divertidos. Não que o roteiro seja brilhante: falta rumo, sobram arestas e o final é condescendente demais. Mas o grande trunfo é mesmo um protagonista tão despretensioso quanto cativante.
Giselle de Almeida

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