Oscar 2011: Reencontrando a felicidade (Rabbit hole)


Indicado na categoria: melhor atriz (Nicole Kidman)


Querida Nicole, a gente já entendeu que sua carreira agora é direcionada para prêmios como o Oscar, e você só tem aceitado papéis como o de Rabbit hole: densos, profundos e tristes, muito tristes. Até aí, tudo bem. O problema, amiga, é que fica cada vez mais difícil vê-la chorando em cena sem reparar na enorme quantidade de botox do seu rosto. Nós sabemos que você é uma atriz esforçada, e melhorou muito nos últimos anos, mas alguns jurados podem achar que é inexpressividade. De qualquer forma... é só um toque.

Agora falando sério: gostei muito do filme. Um casal que perde o filho pequeno é um tema delicado, que já foi explorado em dezenas de histórias, mas que sempre comove. Mas, desta vez, a trama se passa alguns meses depois da tragédia, o que torna ainda mais interessantes as reações dos personagens. A morte em si não aparece, mas ronda a vida de todos os envolvidos de forma silenciosa, embora perceptível. A casa vazia, as lembranças, os vestígios, tudo lembra que a vida não é mais como era. E como cada um tem um jeito diferente de lidar com a dor, a convivência, às vezes, pode ser bastante complicada. Não há grupo de apoio nem conselho familiar que dê jeito.


É o que acontece com Becca e Howie, que vão se distanciando sem perceber desde a morte do filho. Enquanto um se agarra como pode a tudo que diz respeito à criança, como se ela ainda estivesse presente, o outro quer distância de qualquer coisa que faça alusão à ausência dela. E aí cada um toma suas decisões, começam as mentiras, e, quando se vê, o casamento está por um fio. Dizendo assim, pode até parecer clichê, mas tudo isso é conduzido com uma elegância por John Cameron Mitchell que impressiona.

Acho que Rabbit hole poderia tranquilamente estar na lista de melhor filme e direção, mas injustiça mesmo é não incluir entre os indicados Aaron Eckhart. Sua atuação é emocionante, tanto quanto a de Nicole, e toda sequência com os dois é cheia de nuances e de conflitos, muitos deles silenciosos, um trabalho excelente. Uma pena ele ter ficado de fora enquanto tem gente como Jesse Eisenberg na disputa. A vida é mesmo muito injusta.


No próximo post: Bravura indômita
 
Giselle de Almeida

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