Oscar 2011: Minhas mães e meu pai


Indicado nas categorias: filme, atriz (Annette Bening), ator coadjuvante (Mark Ruffalo) e roteiro original


Impressionante como Minhas mães e meu pai consegue falar de temas sérios e ser um filme leve. Sim, porque tem gente que acha que não dá para expor problemas familiares sem ser em um dramalhão. Original, o longa passa longe do clichê de falar da dificuldade de casais gays adotarem crianças - alguém ainda aguenta isso? Ao contrário, finalmente alguém teve a brilhante ideia de discutir as consequências da chegada de crianças à vida de duas lésbicas. Não só isso: duas lésbicas maduras, vivendo um casamento desgastado.

Nesse cenário, a presença de qualquer estranho já causaria um rebuliço. Mas nada se compara ao pai biológico dos filhos. Uma pessoa (talvez a única) capaz não só de mexer com a autoridade delas ou dividir o afeto que antes era exclusivo, mas de questionar até sua sexualidade. Alguém vê muitas qualidades na história? Eu também. Dirigido com uma sensibilidade ímpar por Lisa Cholodenko (que escreveu o roteiro com Stuart Blumberg), o filme tem também um elenco em ótima sintonia. Mas ainda preciso entender por que Annette Bening e Mark Ruffalo são indicados, e Juliane Moore é simplesmente ignorada. Sério, os três têm personagens complexos em mãos, cenas delicadas e fazem um ótimo trabalho. Por que a distinção?


Por falar em atuações, fico feliz de descobrir que Mia Wasikowska é esquisita mesmo, não é implicância minha por conta do Alice do Tim Burton. Mas dessa vez até que ela ganhou minha simpatia. Desajeitada sim, mas com personalidade. Já o filho mais novo, vivido por Josh Hutcherson, diverte com algumas situações bem sacadas, como quando as mães desconfiam de sua sexualidade (ironia mode on: mãe é tudo igual...).

O filme é bem agradável e faz um equilíbrio precioso entre drama e comédia. E o que é mais legal: não é preconceituoso nem pretende levantar bandeiras. Ainda bem, porque as duas opções são chatas à beça. Cholodenko optou por mostrar que uma família não-convencional como essa tem tantos problemas quanto qualquer outra. E isso já é assunto suficiente para se construir uma boa história.



No próximo post: Como treinar o seu dragão
 
Giselle de Almeida

Um comentário:

Fabiane Bastos disse...

Efeito colateral da resenha da Gi: vontade imensa de ver o filme AGORA!

Josh Hutcherson e Mia Wasikowska (conheci Mia no "In Treatment", simpatizei lá mesmo), gosto bastante dos dois. Acho que podem trazer boas surpresas no futuro.