Oscar 2011: Atração perigosa


Indicado na categoria: ator coadjuvante (Jeremy Renner)


Indicado no ano passado por Guerra ao terror, Jeremy Renner parece mesmo ter se tornado queridinho da Academia. Seu bom trabalho em Atração perigosa poderia ter passado despercebido, por se tratar de um filme de ação. É bem verdade que o segundo longa dirigido (e protagonizado) por Ben Affleck não é nada demais, mas tem lá seus méritos. Mesmo assim, a produção passou longe das demais categorias.

Ambientado em Boston, o filme conta a tradicional história de um grupo de assaltantes de banco que mete os pés pelas mãos. Em uma ação corriqueira, os bandidos decidem levar a gerente, Claire (a insossa Rebecca Hall), como refém. Como ela é da vizinhança, Doug (Affleck) resolve se certificar de que ela não é capaz de reconhecê-los, mas acaba se envolvendo com a moça. Com o FBI já na cola do bando, o relacionamento entre os dois chama ainda mais atenção, além de não ser visto com bons olhos por seus companheiros. Justamente aí era para começar o conflito, momentos de tensão... Mas o primeiro grande problema é que o casal principal não convence. Ok, não é pra ser romance, mas não dá nem para chamar de "namoro" aquelas cenas frias de conversas sem-graça.


Com isso, o lado bom do filme fica mesmo na caça aos ratos. John Hamm está ótimo como o incansável agente do FBI que persegue o grupo. Affleck fica com o papel de bandido-mocinho, que se apaixona e fica tentado pela chance de deixar o passado de crimes para trás e começar uma nova vida. Já viu isso em algum lugar? Pois é, eu também. Os roteiristas até se preocuparam em dar a ele uns problemas de família mal resolvidos, uma ex-namorada drogada que continua rondando, coisas do tipo que dão uma certa complexidade ao papel, mas nada realmente novo. Dá pra ver que o ator fez o dever de casa, mas tem suas limitações. Nada comprometedor, no entanto, ainda mais quando temos em cena Blake Lively, tadinha, que viajou na hora de construir sua personagem problemática. Fake toda vida. 

Enquanto isso, Renner é o verdadeiro bad guy da história. Coughlin não se arrepende de ter passado nove anos na cadeia para salvar o amigo nem tem ambição por uma casa no subúrbio e família de comercial de margarina. Essa é a vida que ele conhece, essa é a vida que ele não quer abandonar. Como se vê ao longo do filme, talvez essa postura seja justamente por ele saber que esse desligamento não é tão simples como se imagina. Personagem interessante, boa interpretação... Legal ver que a Academia ainda pode surpreender nas indicações.



No próximo post: Minhas mães e meu pai
Giselle de Almeida

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