Indicado nas categorias: filme, diretor (Darren Aronofsky), atriz (Natalie Portman), fotografia e edição
Se os favoritos ao Oscar não são mais do que filmes corretos, Cisne negro é o primeiro da lista que oferece um pouco mais. Correndo por fora, o thriller psicológico de Darren Aronofsky é corajoso, tenso, perturbador, e merece uma chance. Não é qualquer um que se aventura a filmar os mistérios da mente humana e sai com uma obra dessas. E com direito a Tchaikovsky de trilha sonora. Luxo dos luxos.
O que deveria ser o grande momento na carreira de Nina Sayers acaba se tornando um pesadelo. Selecionada para interpretar o papel principal em O lago dos cisnes, a jovem dedicada e perfeccionista ao extremo mergulha numa interminável luta contra suas próprias limitações, sempre provocada por seu coreógrafo (Vincent Cassel, ótimo). Considerada delicada (ou sem sal?) demais para uma interpretação vigorosa, ela sofre, fisica e emocionalmente, para achar o tom necessário para a personagem. Nessa busca, as fronteiras entre o que é verdade e o que é ilusão são bem frágeis, e o encontro com o lado negro da força se torna inevitável.
O papel de Natalie Portman, cotadíssima para o prêmio, é feito sob medida para o Oscar. Uma jovem atormentada e problemática sempre ajuda, mas a atriz já provou que é competente em atuações anteriores e faz mais um bom trabalho. E, sim, um treinamento de um ano para tentar convencer como uma bailarina profissional costuma ser um fator levado em conta pela Academia. Intérprete da intrigante Lily, Mila Kunis, que sequer foi indicada, tem sido apontada como uma das maiores injustiçadas deste ano, e com razão. Mas o que me surpreendeu mesmo foi a aparição de uma Winona Ryder irreconhecível na tela. Como o tempo passa.
Além de mostrar com uma lente de aumento os sacrifícios de uma bailarina para atingir a tão sonhada perfeição, Aronofsky consegue extrair boas atuações do elenco e opta por recursos visuais que ilustram bem o estado de espírito e a confusão mental de Nina, como o uso frequente de espelhos e a angustiante câmera na mão. Ele até lança mão de alguns questionáveis efeitos especiais, mas nada que comprometa. A sequência em que isso funciona melhor é a da bailarina interpretando, enfim, o cisne negro do título. Lindo. Mas se o resultado final é poético, muito se deve ao excelente roteiro de Mark Heyman, Andrés Heinz e John McLaughlin. Personagens bem construídos, história bem amarrada, casamento ideal entre o que acontece no palco e o inferno particular de Nina. Assim, quase perfeito.
No próximo post: Namorados para sempre (Blue valentine)
4 comentários:
Bem cultural e atual seu espaço.
Adorei suas páginas.
Parabéns!
Deixo-te um abraço
Oi, Malu. Muito obrigada pela visita e pelo comentário. Seja muito bem-vinda!
bjs
Nem eu mesmo poderia ter escolhido palavras melhores para descrever esse filme. Parabéns pelo Blog.
Que bom que você gostou, Johnny! :)
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