Mi Buenos Aires querido


Se vocês se perguntavam por que cargas d'água este blog andava uma pasmaceira, eis a resposta: a blogueira estava de férias! É sempre bom fazer uma pausa para arejar a cabeça (e ver se vocês iam sentir minha falta), né? Então, a moleza acabou, mas eu queria compartilhar um pouquinho da minha viagem a Buenos Aires. Eu não conhecia a cidade e vou dizer que adorei o lugar. A seguir, o que vi e ouvi por lá.



Clima: a temperatura lá estava na casa dos 27 graus a maioria dos dias. Ah, mole para uma carioca, né? Pois fiquei com preguiça de passar filtro solar um diazinho mais nublado e voltei toda vermelha. E o pior é que não tem brisa do mar para aliviar o calor. Então o que os argentinos fazem no verão, minha gente? Uns, mais afortunados, fecham suas lojinhas durante alguns dias e vão para o litoral. Outros tomam sol no parque mesmo. Pois é. Sin comentarios.


Idioma: quem acompanha o blog deve lembrar que em 2009, na minha viagem ao Chile, cheguei à conclusão de que meu espanhol precisava ser atualizado com urgência. Confesso que falei bem pouco, estava viajando em grupo e tal, e acabei me acomodando. Desta vez, fui resolvida a gastar mi castellano. Mas era só eu abrir a boca (e tirar fotos nos pontos turísticos) pra eles descobrirem que eu era brasileira e começarem a falar português: "Tudo bem, beleza?". Simpático da parte deles, claro, mas frustrante. Teve até um taxista que contou que havia morado 20 anos no Brasil e conhecia mais o Nordeste do que eu. Mas foi bom treinar os ouvidos com o sotaque carregado deles, e, no fim, já estava tirando onda, dizendo calle (cáxe), playa (pláxa)... rs


Futebol: os outros times podem dizer o que quiserem, mas o Flamengo é mesmo o time mais conhecido do Brasil. Em todo lugar que nós íamos, alguém vinha comentar, comemorando, a vinda do Ronaldinho Gaúcho. E a camisa do Botafogo que meu namorado usou quase passou despercebida... A não ser no Caminito, lugar em que os funcionários dos restaurantes praticamente disputam a tapas os clientes para uma boa parrilla (churrasco) e um show de tango de graça. Aí os caras, acostumadíssimos aos montes de brasileiros que passam por ali, apelavam e chamavam: "Ô, Botafogo! Ô, Loco Abreu!". Mas aquela região, localizada no bairro pobre da Boca, foi o berço do ritmo que se tornaria símbolo nacional, hoje não passa de um local de  turistas. É parada obrigatória para quem está visitando a cidade pela primeira vez, mas não é legal ter que aturar dançarinos insistindo o tempo todo para você tirar fotos com eles. Voltando ao futebol: fui até a Bombonera, o estádio do Boca Juniors, que fica ali pertinho, mas acho que deve ser mais legal em dia de jogo. E, ao contrário do que eu imaginava, me contaram que o time mais popular lá é o River Plate. Vai entender...


Comida: sim, o bife de chorizo (contrafilé) é espetacular, as empanadas são campeãs e as medialunas (croissants) são muy sabrosas. Nem sou fã de doce de leite, mas não resisti ao sorvete e às panquecas. E, apesar de minha experiência com comidas típicas não ter sido muito agradável no Chile, encarei o locro e a carbonada, que são uma espécie de cozido de lá, o segundo mais agridoce. Até que gostei. Mas a pergunta que não quer calar é: por que as bebidas têm que ser tão caras? Nem falo dos vinhos, que variam bastante, e geralmente custam mais mesmo. Mas uma garrafinha de Coca-Cola ou de água custar 9 pesos (cerca de R$ 4,50) em um restaurante é demais, não é? Agora, cá entre nós: senti muita falta do nosso arroz e feijão.


Obsessões: olhando as lojinhas de lembranças, impossível não reparar em algumas paixões argentinas (ou seriam dos turistas?). Não estou falando de símbolos óbvios dos hermanos, como Evita, Gardel ou Maradona, mas de Simpsons, Beatles e pop art. Impressionante a quantidade de ímãs, camisetas, chaveiros, bolsas com esses ícones. Adorei uma camisa do Homer comemorando o gol de mão sobre a Inglaterra (agora me arrependo de não ter tirado foto). Estampas de Andy Warhol e Roy Lichtenstein também estão em souvenirs por toda parte. Mas os Fab Four são uma atração à parte: eles ganharam um museu só pra eles no centro de BsAs agora em janeiro, num lugar que eu amei, chamado Paseo la Plaza. O espaço da exposição mesmo é pequeno, mas reúne pequenas preciosidades como cópias das certidões de nascimentos dos integrantes e do casamento de John Lennon e Yoko Ono, além de discos, ingressos, miniaturas e o que mais tiver alguma relação com os Beatles.


Teatro: adorei a Avenida  Corrientes, que tem um comércio movimentado, vários restaurantes,  pizzarias e cafés e muitos, muitos teatros. Algumas peças em cartaz eram  comédias escrachadas, com cartazes enormes de mulheres com pouca roupa  (e vocês acham que isso só tem no Brasil, né?), mas havia também alguns  musicais. Quando estive por lá aproveitei para ver a versão portenha de  Chicago no Lola Membrives, que é bem bonito. Claro que é mais difícil acompanhar em outro idioma, mas ajudou  ser uma história conhecida. Só que lá eles colocaram uma Roxie Hart  morena e uma Velma Kelly loura, não me perguntem o porquê. Usaram também  um cenário alternativo, com a orquestra tocando ao vivo no palco. Não  gostei muito, preferia mais espaço para uma montagem com mais plumas,  paetês e glamour. Mas algumas músicas ganharam coreografias  interessantes, e a versão das músicas para o espanhol ficou simpática.  Deu vontade de ver o filme de novo. E uma montagem na Broadway, que deve  ser um luxo!


Jardim Japonês:  o lugar mais lindo que visitei lá. Sério, por mim eu ficaria lá  tranquilamente uma tarde inteira só descansando e olhando a paisagem. Eu  já tinha visto várias fotos e tinha certeza de que queria conhecer. A  entrada é paga (custa 8 pesos), mas vale muito a pena. Mas como a lei de  Murphy tarda mas não falha, adivinha justo onde a bateria da minha  câmera foi acabar? Um alfajor Havana para quem acertar! Também, eu usei a  pobre coitada até não poder mais, meu namorado me zoava dizendo que eu  parecia uma japonesa. Mas, graças a Deus, existe uma coisa chamada  celular. Mesmo simplezinho, o meu quebrou um galho e me poupou de voltar  pra casa sem um registro do passeio.


Livrarias:  não tem Mega Store no mundo que se compare ao charme da El Ateneo.  Antes de ser esta livraria linda, o lugar era um teatro, onde Carlos  Gardel chegou a se apresentar. Hoje o palco deu lugar a um café, e os  vários andares possuem livros dos mais variados assuntos. Vale nem que  seja pela visita. Mas Buenos Aires é tão literária que quem não tem  grana para badalar na Recoleta vai achar alguma coisa nas livrarias/sebos/lojas de discos do Centro mesmo. Um fica quase ao lado do outro, é até difícil  escolher em qual entrar. Mas foi numa loja maior, a Musimundo, que achei  um dos meus recuerdos mais queridos da viagem: um box Juan José  Campanella + Ricardo Darín (o equivalente argentino a Tim Burton +  Johnny Depp pra mim). Quatro filmes (O segredo dos seus olhos; O mesmo amor, a mesma chuvaO filho da noiva e Clube da lua), alguns difíceis de achar por aqui,  por 100 pesos (R$ 50)! Sem contar que um vendedor superatencioso ficou  um tempão me indicando CDs de rock. Difícil foi convencê-lo de que  bandas argentinas não tocam nas rádios daqui... Eles não devem entender,  porque lá é muito fácil encontrar discos brasileiros, alguns bem caros,  inclusive. É uma pena que não haja essa troca.


Mafalda:  ela é praticamente uma instituição nacional. Linda de morrer, a  personagem do cartunista Quino é muito querida por lá e estampa uma  infinidade de produtos, que quase me levaram à falência. Juro, tive que  resistir para não trazer TUDO que tenha o desenho dela. Minha maior  tristeza, no entanto, foi não ter conseguido tirar foto na estátua dela,  em San Telmo, já que o passeio pelo bairro estava programado para o  domingo, dia da famosa feira de antiguidades que rola pelas redondezas.  Mas uma chuva torrencial desabou durante boa parte do dia, mudando a  programação. Mas tudo bem, fica pra próxima (olha a desculpa para voltar  logo!). E trouxe tanta coisa dela que nem dá pra ficar triste :)
Giselle de Almeida

3 comentários:

Fabiane Bastos disse...

Passear é bom!!!!!!
E que passeio hein guria!

Equivalente argentino a Tim Burton + Johnny Depp???? Cadê, onde, quando, pq, eu quero, eu quero!!!!!

Bem vinda ao lar!
Bjs

Giselle de Almeida disse...

Obrigada, Fabi! Pode procurar os filmes da dupla que você vai gostar, tenho certeza! Se quiser eu te empresto, mas vai ter que ler em espanhol... hehehe

bjs

Fabiane Bastos disse...

Ixi! Será que me safo c/ meu portunhol??? Deu serto p/ Adam Sandler em Espanglês heheheh