Eu quase deixei de assistir a Up porque o trailer não me empolgou. Achei a história meio fraquinha e não despertou minha curiosidade. Acabei vendo em DVD, porque filmes Disney/Pixar sempre merecem um voto de confiança. E, mesmo com a sensação de que o filme agradaria mais a criançada do que os adultos, acabei gostando. Não pela história em si, que tem mais pontos baixos que altos, mas pelo carisma dos personagens. É difícil não se encantar com o escoteiro gordinho Russell ou se emocionar com o ranzinza vendedor de livros Carl Fredricksen, que faz o impossível para realizar a vontade de sua amada, que sempre sonhou em morar perto de uma cachoeira gigantesca na Venezuela. Aliás, a primeira parte do filme, que mostra a vida do casal desde o momento em que eles se conheceram é linda demais.
A partir daí, contamos com a "química" entre o pequeno escoteiro, que quer um distintivo para seu uniforme de qualquer jeito, e o idoso rabugento e solitário. E isso funciona perfeitamente bem, mas a gente sente falta de algo mais no filme. As tais aventuras prometidas no título não são lá essas coisas. E até mesmo o vilão, que só se revela quase no final, é fraquinho, fraquinho... O grande charme do filme, portanto, fica a cargo do lirismo em algumas cenas de Carl, que enfrenta as maiores dificuldades só para não desapontar sua esposa, e da relação de amizade um tanto improvável que vai surgindo durante o caminho.
Na categoria de animação, o filme é favorito. Em geral, a Disney/Pixar produz material de primeiríssima qualidade, e desta vez não é diferente. Além de estar cada vez melhor em expressões, em especial nos personagens humanos, o cuidado e o apuro visual nos cenários é impressionante. Nos extras do DVD, vale ver o minidocumentário sobre a viagem da equipe de arte até a América do Sul para a pesquisa. O trabalho de reprodução da paisagem, da vegetação e outros detalhes mosta que fazer um filme de animação é coisa séria. E o resultado é deslumbrante.
Acho louvável a indicação de Up para melhor filme, embora acredite que outras animações merecessem bem mais do que esse (Wall-e é um ótimo exemplo). Já faz tempo que esse gênero deixou de ser coisa de criança e passou a ser encarado com mais seriedade, sem falar que sempre consegue bom desempenho nas bilheterias. O fato é que a indicação veio num ano em que são dez os concorrentes na categoria. Se fossem os cinco de costume (e não são necessários mais do que isso, vamos combinar), o longa de Pete Docter, responsável pelo delicioso Monstros S.A., provavelmente estaria fora da disputa.
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