Festival do Rio 2007: aquecendo as turbinas


A vontade já existia há algum tempo, faltava só a motivação. E nada melhor do que retomar o blog agora, na época mais feliz do ano para quem gosta de cinema e mora no Rio de Janeiro, época de Festival do Rio! Depois do sofrimento de sempre na hora de escolher os filmes (e, principalmente, lamentar os que não conseguirei ver por causa dos horários impossíveis, ingressos esgotados, imprevistos), enfim, meu primeiro post depois de muito tempo, só para desenferrujar.

Resumo do meu primeiro fim de semana de festival: da série "queria muito ver, mas não deu" teve Sonhando acordado (do Michel Gondry, diretor do lindo Brilho eterno de uma mente sem lembranças), Nome próprio (único nacional de ficção da minha lista) e À prova de morte (do sempre pop Tarantino). O primeiro - confesso que não entendi o porquê - teve duas sessões no micro Estação Ipanema no sábado. Resultado: os ingressos esgotaram super rápido. Os outros dois, perdi porque tive que trabalhar na última hora.

Passemos, portanto, aos filmes possíveis. O primeiro: Um jogo de vida e morte, com Jude Law e Michael Caine. Um dos filmes com maior economia de elenco na história do cinema! Além dos dois já citados, apenas uma pequena ponta do dramaturgo Harold Pinter, também roteirista do longa. Os cenários também são reduzidíssimos (e esquisitíssimos): a ação toda se passa na mansão do escritor Andrew Wyke (Caine), que faz uma proposta indecente ao namorado de sua (ainda) esposa, Milo Tindle (Law). Este quer o divórcio; o outro, um assalto forjado. 

Peraí, eu disse ação? Não, não é bem isso. Eu quis dizer os diálogos. Afiados, sim, mas insuficientes para garantir alguma emoção. Um filme como esse pede atuações fortes, clima tenso. E, definitivamente, não é isso que acontece. Bom uso da câmera e edição precisa costumam ajudar nesses casos, mas a opção de Kenneth Branagh foi fazer quase uma peça filmada (à exceção de alguns poucos takes nada convencionais). O resultado final é bem morno.

O segundo do dia foi o colombiano Satanás. Esse não era minha primeira opção, mas daria pra ver casado com Sonhando acordado. Acabei assistindo pra não perder a viagem. O título sugestivo, a sinopse ("três personagens lutam entre seus desejos e dilemas morais") e a seqüência de abertura indicavam que poderia ser um bom filme. E algumas das histórias contadas são fortes, sem falar nas boas atuações. Parece que agora virou moda esse jeito de contar histórias, a la Alejandro González Iñarritú (Amores brutos, 21 gramas, Babel): não há trama principal, mas diversas subtramas que se entrelaçam em algum momento. Só que, em Satanás, esse é justamente o problema. 

Isoladas, as histórias tinham peso; juntas, acabam perdendo importância diante do final inesperado e assustador (o filme é baseado numa história real, o que eu não sabia). Um dos personagens se torna protagonista de uma hora para outra e o filme assume um significado totalmente diferente do que vinha sendo mostrado até ali. Vendo pelo lado bom: ao menos serviu pra atualizar meu espanhol...
Giselle de Almeida

3 comentários:

Anônimo disse...

Eu num tenho visto nada que não tenha sido pirateado...
E o Festival pra mim atualmente é utopia

Unknown disse...

Após ler atentamente o seus comentários, me sinto confortável em manter a minha posição no sofá assistindo os filmes em DVD. Ali eu sou diretor, edito as imagens, cuido da iluminação e ainda faço a crítica da película.

Giselle de Almeida disse...

O que está acontecendo com essas pessoas? Ir ao cinema é um ritual, essa que é a graça!