Impossível não comentar



Tom Cruise é o galã, Philip Seymour Hoffman é o vilão e Laurence Fishburne é... bem, melhor não adiantar as coisas. O filme é Missão Impossível 3 e o diretor é J. J. Abrams (sim, o criador de Lost). Não preciso nem dizer que a expectativa era grande. Eu tinha que ver logo na estréia - e olha que ultimamente eu tenho feito isso poucas vezes.

A seqüência inicial é 10. O agente Ethan Hunt e sua mulher Julia estão sob a mira da arma de Owen Davian (Hoffman), criminoso procurado pela IMF (Impossible Mission Force). Ele quer alguma coisa de Ethan, está à beira de uma ação extrema. Corta para os créditos iniciais e a música-tema do filme. Créditos iniciais? É, nada como um suspense logo no início para prender a atenção do público. Hora de voltar um pouco na história e explicar tudo direitinho aos telespectadores, que a essa hora estão se recuperando do susto. Ponto para Abrams.

Li na Megazine dessa semana uma entrevista em que o diretor fala sobre a humanização do protagonista em MI3. Conversa fiada. Tirando uma festinha em família no começo, o filme é ação do início ao fim. Ethan, que estava afastado do campo e dedicado à família, recebe uma nova missão: resgatar uma agente da IMF que está nas mãos de Davian. Trabalho aceito, início de um conflito interno: o que prevalece, o lado pessoal ou o profissional? Parece uma boa discussão, mas é justamente nesse ponto que o filme peca. Primeiro porque o casal que deveria sustentar a história não convence. Segundo porque às vezes esquecemos que o mundo corre algum risco. Fica parecendo uma guerra particular, já que tudo gira em torno de Ethan. Mas o cara não era perigoso? O que ele queria mesmo? Bola fora de Abrams.



Apesar de várias boas cenas de ação e alguns bons diálogos, falta charme ao filme. Afinal, cinema não é videogame: tiros e explosões não bastam. Os personagens secundários não têm carisma e alguns recursos bastante utilizados no longa original, como as reviravoltas na trama e os disfarces, são mal aproveitados. A parte do Vaticano é uma exceção, rendeu boas seqüências. Hoffman também salva, mesmo aparecendo (muito) pouco para um antagonista. Contido, arrogante, cruel. Na medida.

No fim das contas, deu empate: podia ser melhor, mas não é ruim. Parece que eu reclamei demais, mas acontece sempre que eu crio muita expectativa. Dá pra torcer por um MI4.
Giselle de Almeida

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