(Com algum atraso. E possiveis spoilers para quem não está em dia com as séries)
Para nossa alegria, Hannibal finalmente começou a entrar nos eixos. O programa começou bem morno, apostando numa viagem dentro da mente doentia de Will Graham (Hugh Dancy) e se perdeu. Apesar da fotografia cool, da edição cuidadosa e de todo o apuro visual, a sensação dos episódios iniciais é de que tudo não passava de um truque para que o espectador não notasse logo que estava sendo enrolado. Sim, porque ninguém que eu conheça se interessou pela série porque queria mergulhar no inconsciente do macabro consultor do FBI por meio de planos que misturam CSI com Indomável sonhadora. Haja subjetividade. Aliás, ninguém precisa de um novo CSI com "o caso do dia" (sério, só chamaram o Laurence Fishburne porque o William Peterson estava ocupado, só pode).
Ninguém precisa de serial killers normais. Ninguém precisa de um consultor do FBI perturbado. Nós só precisamos de Hannibal Lecter (vivido com sutileza por Mads Mikkelsen). E a grande virada da atração aconteceu quando Bryan Fuller resolveu parar de adiar o filé (ops, sem trocadilho). E foi precisamente no meio da temporada (episódio 6, Entrée) que a mágica aconteceu: o protagonista assumiu seu lugar de direito. Jack relembra seu trauma do passado (old fashioned, mas funciona), é humilhado pelo Estripador e o psiquiatra ainda ajuda na investigação. Agora sim. Mas a série ainda peca pelo excesso de diálogos e pouca tensão. Basta observar que as cenas mais tensas não precisam de palavras: são sempre as de Hannibal servindo suas criações gastronômicas aos incautos convidados. Horripilante, mas com elegância. Mais disso, por favor. Aí sim poderemos dizer que a produção está entre as melhores estreias do ano. Antes disso, não.
Já The following, que eu jurei que ia amar de todo meu coração, terminou melancolicamente bem abaixo das expectativas. Ou alguém comprou essa trama furada de verdade? Eu sei, era promissora. E tinha um argumento incrível: não um simples serial killer, mas uma seita de assassinos que poderia se infiltrar em qualquer lugar sem despertar suspeitas. Isso é genial e perturbador. E ainda tinha o mérito de citar Edgar Allan Poe! Mas nossos amigos roteiristas desperdiçaram um material literário incrível em referências pobres, escassas e repetitivas, além daquelas máscaras horrorosas. O único livro que serviu de fio condutor para a história foi o escrito por Joe Carroll, mas esse era tão previsível que não despertava o menor interesse.
Eu ficava curiosa mesmo para saber o que atraía tanto esses seguidores, que viam no professor de literatura um deus. Absolutamente sem explicação. Em troca de um mísero capítulo num romance mal escrito. O que mantinha essas pessoas tão fiéis, a ponto de abrir mão de suas vidas por um desconhecido? O que ele lhes prometia? O que ele lhes proporcionava? Qual era sua recompensa? Precisamos de um Globo Repórter para descobrir, porque nada ali me convenceu. Curti Kevin Bacon, mas James Purefoy estava canastrão demais. No mais, fiquei com pena do Jacob, não me importei com a Claire e odiei a Emma, em cada segundo. O desfecho precisou de umas 15 reviravoltas para manter meu interesse até a próxima temporada. Vamos ver, se eu tiver uma brecha na minha agenda...
E eis que The americans virou minha queridinha dessa leva do midseason. Eu não sei se gostei mais da trama rocambolesca e old school de espionagem (gente, é a KGB! trama boa de espionagem tem que ter a KGB!) ou o cotidiano matrimonial de Elizabeth (Keri Russell) e Philip (Matthew Rhys). Que casal fofo! Claro que é bem conveniente eles se aproximarem afetivamente só agora, depois de anos de casamento de fachada, mas quem liga? Cada um tem suas razões para ficar magoado com o outro, mas é impossível cortar os laços de vez por conta do trabalho e dos filhos - que, a bem da verdade, só existem por causa do trabalho... Mas é divertido demais ver o jogo de intrigas deles com suas fontes (pobre Martha!) e, claro, seus disfarces. Perucas, bigodes falsos, óculos gigantes... Nada como o charme da moda dos anos 80.
Todo esse entorno entretém, ao mesmo tempo em que a espinha dorsal da história é bem convincente. Agentes duplos, ameaças nucleares, sumiço de testemunhas, servidão incondicional à pátria, está tudo lá. Para melhorar, claro, o inimigo mora ao lado. Porque você chega pro seu vizinho, pergunta o que ele faz da vida, e ele diz: "Sou do FBI". Aí sempre rola um jantarzinho pra discutir a última operação secreta do serviço secreto que paga seu salário. Eu gosto do Stan (Noah Emmerich), mas torço contra ele também. Aliás, é muito difícil não torcer pelos soviéticos. Ah, esqueci de comentar que todos os russos falam russo entre si, menos o casal principal. Juro, impossível não amar.
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