Indicado na categoria: longa-metragem de animação
Os traços são simples e até imperfeitos. Os diálogos não fazem referências à cultura pop. O protagonista não tem qualidades humanas. Não há um coadjuvante cômico. E o filme é falado em francês. Um gato em Paris não tem muitas das características que se tornaram praticamente uma regra desde que estúdios como Pixar e Dreamworks se tornaram (merecidas) referências no setor. O longa de Jean-Loup Felicioli e Alain Gagnol é representante da forma mais tradicional de animação e não tem pretensão de ser cult. Seu ingênuo roteiro sugere que seu público-alvo seja mesmo o infantil, embora os adultos possam vê-lo sem medo. E é ótimo saber que ainda há espaço e reconhecimento para produções como essa.
Dino, o gato do título, leva uma vida dupla: de dia, ele faz companhia à doce Zoé, uma menina órfã de pai que se recusa a falar desde que ele foi assassinado; à noite, ele é o cúmplice de Nico, um ladrão à moda antiga, que salta sobre os telhados de Paris à procura do novo alvo. Os dois donos de Dino se aproximam quando o felino, que costumava levar presentes como aranhas e lagartixas para a menina, decide "presenteá-la" com uma joia roubada. A mãe da pequena, uma delegada, consegue convencê-la a devolver a pulseira. Ela só não esperava que a garota resolvesse seguir o animal em suas escapulidas noturnas, que acaba numa aventura bastante perigosa.
Contar mais da história, que guarda algumas leves reviravoltas, é estragar a surpresa. O roteiro é bem amarradinho e consegue fazer bem a ligação entre personagens aparentemente incompatíveis. Mas comete alguns pecados, especialmente no desfecho da história, mais apressado que o necessário e até bem frouxo no que diz respeito à esperada lição de moral. A animação fluida deixa as numerosas cenas de ação bonitas de se ver, e a excelente trilha sonora é usada corretamente, garantindo humor e suspense em momentos chave. Já a cena clichê da vista da Torre Eiffel era desnecessária. O recurso, presente em quase todos os filmes live action ambientados na capital francesa filmados por (e para) estrangeiros não precisava figurar em uma animação com DNA parisiense.
Noves fora, o resultado é bastante honesto e simpático, embora esteja longe de ser excepcional. Dificilmente terá chances na competição com longas mais comerciais, mas a presença de Um gato em Paris nessa lista é imprescindível para a visibilidade de produções similares, para estimular estúdios mais modestos a continuar investindo na animação tradicional e mostrar ao público que nem só de computação gráfica vive o cinema. Afinal, quem precisa de óculos 3D para enxergar um bom filme?
No próximo post: A invenção de Hugo Cabret
2 comentários:
Acredito que a disputa está entre esse filme e Rango na categoria de animação.
Está difícil de prever os ganhadores dessa edição do Oscar, há muito espaço p/ surpresas.
As minhas apostas já estão no ar, acesse: http://peliculacriativa.blogspot.com/2012/02/bolao-do-oscar-2012-previsoes.html
Gato de Botas também está na disputa, né? É de estúdio grande e o personagem é forte, apesar de eu ter achado o filme muito ruim....
Minha torcida é por Rango!
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