Não sou exatamente uma foliã exemplar nem especialista em carnaval. Sou daquele tipo que dorme antes do desfile da última escola, mas ama acompanhar a apuração na Quarta-Feira de Cinzas ponto a ponto, mesmo sabendo que minha escola não tem muitas chances de disputar o título. Mas como o que eu gosto mesmo é dar pitacos, algumas observações sobre o Grupo Especial deste ano:
- Digam o que quiserem, Paulo Barros é o único carnavalesco atualmente que faz um desfile surpreendente, leve e divertido. As alas coreografadas e alegorias vivas, que alguns chamam de repetição, eu chamo de estilo. Porque fazer carnaval bonito com plumas de faisão e cristais swarowski é fácil. Criatividade são outros quinhentos. O que não significa, absolutamente, que ele mesmo não precise se reinventar. O fato é que sua comissão de frente mais uma vez arrasou (e, coleguinhas, por favor não insistam: segredo era só ano passado; dessa vez, o truque de ilusionismo era até bem simples, ok?), mas a Unidos da Tijuca teve vários outros acertos, como o fantástico carro abre-alas e o "Tubarão" de Spielberg engolindo o banhista em plena Avenida. Mas tenho que confessar que não entendi muito bem a proposta. O enredo não era sobre filmes de terror? Todas as fantasias eram ótimas, mas o que "Transformers" e "A fuga das galinhas" têm a ver com Zé do Caixão? Legendas urgentes pra mim, por favor. Apesar de tudo, vou torcer pela escola hoje.
- Fiquei muito triste mesmo pelo Salgueiro, porque a escola estava muito bonita. Sim, todos os clichês relacionados ao Rio e ao cinema apareceram por lá, mas o conjunto estava ótimo. Infelizmente o carro que eu mais gostei, o do King Kong na Central do Brasil, foi dar problema e atrapalhar o que poderia ser um desfile perfeito. Ainda acho que a culpa é da Valesca Popozuda, fantasiada de banana (!). É muito mau gosto junto, gente, os deuses do carnaval não gostam. E fiquei estarrecida com aqueles diretores de harmonia trogloditas, empurrando e gritando com os componentes que, afinal de contas, não tinham culpa do atraso e não podiam passar por cima dos carros que estavam na frente. Acidentes acontecem, e eu sei que bate o desespero, mas não precisava aquela violência toda.
- Já a minha Mocidade querida não consegui ver direito. Horário de fechamento, gente, momento tenso! E o pouquinho que assisti não me empolgou muito não. Achei as fantasias bonitas e tal, mas ainda acho que o que falta para o título (ou pelo menos o sábado das campeãs) é um enredo decente. Leia-se não-pautado-por-um-patrocínio-qualquer. Ah, e Ângela Bismarchi simplesmente não dá. Mas é minha escola e vou torcer por uma boa colocação, como sempre.
- Meu xodó este ano foi a União da Ilha. É uma pena que ela não esteja na briga, porque eu gostaria muito de ver onde a escola chegaria com este ótimo enredo, bem desenvolvido por Alex de Souza. Claro que eu não vi de perto e não vou discutir acabamento das peças (nem vou falar que foi um desfile de superação, prometo!), mas achei as fantasias e alegorias fofas demais: os pintinhos dentros dos ovos, a leoa lambendo os filhotes, as baianas de abelhinhas... É aquilo que eu estava falando do Paulo Barros: cadê leveza, criatividade, irreverência? Está na hora de as grandes escolas esquecerem um pouquinho só os enredos históricos. É impressionante como os carnavalescos adoram uma viagem no tempo que dê pra fazer uma referenciazinha à África, ao Egito, à Índia, à Mesopotâmia. Tudo tão batido... Nós queremos é novidade.
3 comentários:
É verdade! O Hélio de la Peña, chegou a comentar que estava achando que "Egito" era um quesito na apuração pq todas as escolas tinham uma ala dos faraós. Até o Paulo Barros, afinal onde o Indy (sente a intimidade), achou a localização da Arca da Aliança?
Também achei que o desfile da Tijuca desviou um pouco, mas tava linda e cheia de filmes, como não conquistar à estas pobres cinéfilas blogueiras????
Pois é. Eu sei que fica lindo na Avenida, mas... não é demais? E isso porque resolveram dar um tempo de Amazônia, outra grande obsessão carnavalesca...
pq a beija for ñ falou do que o rei fez com tim maia.vergonha pobre será que famos ser influenciadoas até quando
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