Festival do Rio 2008: acabou-se o que era doce


E eu, que achei que meu festival ia acabar mais cedo esse ano, ainda consegui pegar o fim de semana de repescagem. Ontem, fui ver mais dois filmes no Estação Botafogo. Agora, só ano que vem... :(

Velha juventude

A bomba do (meu) festival. Tinha lido críticas positivas sobre o longa, que estava nos destaques da programação, afinal era o primeiro trabalho do Coppola em dez anos. E ainda tinha o Tim Roth, que eu adoro. A história: professor é atingido por um raio, sobrevive e... rejuvenesce! Com todo o gás, ele enfrenta o dilema de se dedicar ao seu trabalho ou ao seu grande amor. Tá, um bom ponto de partida para uma discussão sobre o tempo, a vida, a velhice, a morte... Pára tudo. Isso NÃO é o filme. 

Pretensioso, Velha juventude não sabe que rumo seguir: flerta com o romance, inesperadamente envereda pelo thriller, passeia pelo realismo mágico e, depois de longas duas horas, não chega a lugar algum. Quer ser poético e profundo, mas não é mais que entediante. Quer discutir vários temas de um fôlego só, mas o péssimo roteiro não consegue dar nenhuma resposta. Só faz confundir e irritar o espectador. O pior é que as críticas que eu li preferiam citar os planos "ousados" e os grandes temas abordados no filme. Só porque tem a grife Coppola? Gente, ninguém está livre de fazer um filme ruim. Deixa o homem trabalhar. Quem sabe no próximo ele acerta.

A onda

Ao menos, o último filme do festival valeu o ingresso. No longa alemão, durante um curso sobre autocracia, professor resolve utilizar um método pouco ortodoxo: em vez de simplesmente falar sobre o assunto, transforma a classe num exemplo vivo do tema. Ele assume o papel de líder e começa a transmitir os valores que regem um governo autocrata: nacionalismo, obediência, disciplina, ordem. A grande maioria dos alunos adere ao movimento, batizado de "A onda". Mas a brincadeira extrapola os limites da sala de aula e acaba fugindo do controle do professor.

O roteiro, baseado em fatos reais, é bem organizado, e a direção, bastante sutil. Da forma como a história é contada, vamos acompanhando passo a passo a evolução do movimento, o entusiasmo dos alunos e sua adesão quase cega a uma causa que nem mesmo existe, que foi inventada, mas que eles assumem como sendo uma nova identidade. Dá pra termos a noção de que a autoridade desmedida é tão perigosa quanto a obediência irrestrita, e fica claro desde o início que a iniciativa não teria boas conseqüências. O elenco, em sua maioria jovem, dá conta do recado, e o resultado é um filme que faz pensar.
Giselle de Almeida

Um comentário:

Fabiane Bastos disse...

É por isso que desconfio de muitas críticas, em especial as que fogem do enrredo. O filme pode ter os planos mais lindos do planeta mas sem uma história tãp boa quanto, não vai a lugar nenhum.

Que bom que o ultimo era legal! O enrredo é interessante.