Festival do Rio 2007: a saga continua



O segundo fim de semana foi beeem mais produtivo que o primeiro. No sábado, não tive pique, depois de uma noite mal dormida e aula o dia inteiro. Mas no domingo, estava lá, firme e forte. E na segunda, também. Melhor do que o programado.

4 meses, 3 semanas e 2 dias
Pra começar o domingo, um filme nada leve. O longa romeno, premiado em Cannes, trata de um assunto delicado: o aborto. O enfoque é bem interessante - em vez de concentrar a narrativa na jovem que deseja interromper uma gravidez já avançada (como indica o título), quem assume o papel de protagonista é sua melhor amiga, com quem ela divide um quarto numa república de estudantes. É ela quem segura a barra o tempo todo, pega dinheiro emprestado, consegue hotel, faz o contato com o profissional. E a atriz se sai muito bem. O tema do filme é bastante forte, mas é abordado de maneira direta e corajosa.

Uma velha amante
Esse eu fui ver por influência da minha irmã, que queria ver um filme falado em francês. Aceitei ir, sem nem saber direito do que se tratava. É um filme de época, uma intensa história de amor entre um jovem francês, prestes a se casar com outra, e uma espanhola. Nada demais, serviu como passatempo mesmo. Difícil é acreditar que alguém se interessaria por uma mulher esquisita como aquela, mas o ator principal é um espetáculo!

Déficit
Meu segundo longa da Première Latina, estréia do ator mexicano Gael García Bernal na direção. Difícil é definir a história do filme (ou mesmo seu título): jovem reúne uns amigos para um churrasco em sua casa, se interessa por uma das convidadas e faz de tudo para que sua namorada não chegue ao local. Mais ou menos por aí. Algumas cenas são bem engraçadas, mas o filme não diz muito bem a que veio. Valeu mesmo pela presença do Diego Luna no Espaço de Cinema - ele não fazia parte do elenco, estava só como produtor. Fofíssimo, tirou foto com um monte de gente antes da sessão começar.

O banheiro do Papa
Esse entrou na minha lista aos 30 do segundo tempo. Descobri só no domingo que a programação do dia seguinte havia mudado: haveria uma sessão à tarde e eu estava de folga! Nem acreditei. Já tinha lido alguma coisa sobre esse filme, mas não tinha conseguido encaixá-lo na minha agenda. O filme, co-dirigido por César Charlone (fotógrafo de Cidade de Deus), bem poderia ser descrito como "Sou uruguaio e não desisto nunca!". Uma história linda, de gente humilde, que ganha a vida como pode, fazendo contrabando, atravessando a fronteira com o Brasil de bicicleta, sofrendo as maiores humilhações, mas que não perde a esperança. Próximo à visita do papa João Paulo II à pequena cidade de Melo, os moradores inventam maneiras de ganhar um trocado montando barraquinhas de comida para os visitantes. Beto tem uma idéia diferente: vai construir um banheiro e cobrar pelo seu uso. Mobiliza a mulher e a filha na empreitada e faz milhares de planos com o dinheiro que vai ganhar. Meu filme favorito do festival até agora.

La señal
Dirigido por um ator que eu adoro, o argentino Ricardo Darín (de Nove rainhas e O filho da noiva). Li uma entrevista em que ele dizia que seu longa era um policial noir, justamente porque nuestros hermanos não são lá muito chegados a filmes de gênero. E ele consegue reproduzir bem o clima desse tipo de filme: um detetive, uma mulher misteriosa, crimes, visual soturno. O roteiro não é nenhuma maravilha, diria que falta até um pouco de charme, mas é um bom exercício de estilo. Sem contar que o cinema argentino é meu xodó, não adianta...

E não é que o festival já está acabando? Mas amanhã ainda tenho mais uma sessão, no Odeon. Afinal, Festival do Rio sem sessão no Odeon não tem graça...
Giselle de Almeida

6 comentários:

Anônimo disse...

bem, eu tive mais sorte que a Gi e fui ver mais filmes. Disparado, o melhor foi "Sonhando acordado", com um Gael García perfeito no papel de um rapaz que não sabe se está sonhando ou acordado; que vive a vida como se fosse acordar dela a qualquer instante. A história é fofa, o filme é bem amarrado e as interpretações acima da média. Em seguida, vem "À prova de morte". Um Tarantino com letra maiúscula. Conta a história de Stuntman Mike, um ex-dublê que passa a perseguir uma famosa radialista, porém há algo de muito perigoso nessa atração... Daí vêm as conseqüências (lembre-se que é um tarantino, tem sangue à rodo!)Definitivamente, não é um filme pra mulherzinha...
E teve teambém "O expresso Darjeeling", uma tocante e, ao mesmo tempo, engraçada história de 3 irmãos que buscam desesperadamente se unir e encontrar sua mãe após a morte o pai. Ela se refugia na Índia, e é pra lá que eles vão. òtimas interpretações de Owen Wilson, Steve Carrel e do meu lindíssimo Adrien Brody. Repare nos detalhes do filme, como, por exemplo, no fato de a personagem de Carrel ficar o tempo todo descalço - não sem lógica, ele era o mais pé-no-chão dos 3.

Beijos, volto depois pra comentar os meu piores do Festival do Rio 2007.

Giselle de Almeida disse...

Primeiro: tinha que comentar o "Sonhando acordado"? Que falta de sensibilidade sua! Esse eu vou ver assim que estrear!!!
Segundo: lindíssimo é um adjetivo que não cabe ao Adrien Brody... :P

Unknown disse...

Antes de me chamarem de mal-humorado, eu gostaria de fazer uma pergunta. Como é feita a escolha dos filmes? Que tipo de resenha pode encher uma sala para assistir algo tão pueril como este filme 4 meses, 3 semanas e 2 dias. No pôster, além do título que não se explica, a única informação é que ele ganhou a Palma de Ouro...
Assistindo, logo me espantei com a criatividade do diretor que inventou uma nova forma de narrativa. O diálogo de um só personagem. Explico: Na cena
durante uma conversa, a câmera fica focada só em um dos atores. O outro também fala, mas você só escuta! Em uma rara cena de tensão
onde ele quase enquadra três(!) a imagem treme?! Pensei que fosse a projeção, — mas o “recurso” usado e abusado em Irreversível, este
sim, um filme perturbador onde a câmera se mexe freneticamente representado o momento em questão —Foi copiado num suposta cena
de perseguição.
Voltando ao meu desagrado, A tão exaltada amizade que é capaz de verdadeiros arroubos de entrega e superação, não se explica em duas
personagens tão jovens. Você é obrigado a aceitá-la e pronto. A única coragem que vi neste filme foi a cara de pau dele ser feito.

Anônimo disse...

Feia! =P O Adrien é lindo sim, você é que não está habilitada para ver a beleza dele... (uau! tô inspirada! hehe)

Ah, faltou falar do
"Morte no funeral", humor inglês de primeira. Quem for ao cine pra ver, vá sem esperar muita coisa, porque assim vai aproveitar muito mais. Esse conta a história de 2 irmãos, um escritor de sucesso e outro mais ligado à família, que se encontram no funeral do pai (já repararam como a morte foi um tema constante nesse Festival??) Personagens hilários e situações totalmente fora do esperado são a pedida para um filme divertidíssimo e, ao mesmo tempo, emocionante. Destaque para o namorado drogado e o tio rabugento.

Geisy Almeida disse...

Agora sim eu comento os meus piores do festival =D

"Um jogo de vida e morte" realmente podia ter dado um filmaço, se o diretor não tivesse optado por fazer teatro filmado. A his´toria é meio doida, mas convence. O argumento é muito bom. O MIchael Cane também. E o Jude Law... enfim, abafa. Aliás, o Jude Law só vai ser esse espetáculo todo que ele é só pro meio do filme, o que prova que o cara é bom mesmo. O cara vai de panaca a doido psicótico com uma naturalidade incrível, passando por uma encenação dentro da encenação e um disfarce (ridículo) mas bem-feito - eu demorei a perceber que era ele mesmo, fiquei na dúvida se era outra pessoa.

E a minha decepção foi "Nascido e criado". Filme argentino muito paradão, que acaba quando você pensa que vai, finalmente, começar. Tudo bem, o diretor optou pelo silêncio e por mostrar uma Patagônia quase deserta pra frizar a solidão do cara (que se martiriza por ter matado a família que tanto amava em um acidente de carro). Mas daí a evitar certos diálogos que seriam necessários e incluir cenas de sexo (até fortes para um filme liberado para 12 anos) só pra ver se engrena... Juro que fiquei esperando os créditos subirem pra ver se tinha mais alguma coisa depois. Mas não tinha não. Ainda bem que no dia eu fui de sessão dupla e "O expresso Darjeeling" salvou meu dia.

Giselle de Almeida disse...

Mal-humorado, sim senhor! O enquadramento mostra que o foco da história estava na amiga. E o fato de as duas personagens serem jovens não impede uma grande amizade. Aliás, na cena com o namorado, ela desabafa: podia ter sido ela, rola uma identificação. Mal-humorado e implicante! :)

Isy, da próxima vez abro um post só pra vc. Agora fiquei até com medo de ver esse "Nascido e criado"...

beijos!