Juro que fui ao cinema esperando de Um sonho possível um tremendo dramalhão. Ok, é uma história de superação, e clichês dos mais variados não poderiam faltar. Além de ser difícil de acreditar que uma família branca e rica aceite com tanta naturalidade colocar dentro de casa um adolescente de 17 anos, negro, pobre e de origem desconhecida, com tanta naturalidade. Beleza, sei de tudo isso. Mas não é que o filme, além de contar uma história linda, é divertido à beça? Em grande parte por causa do fofo SJ (Jae Head), dono das melhores tiradas de todo o roteiro. Mas Sandra Bullock provou sua competência e fez um grande trabalho.
É uma pena que o escândalo em seu casamento tenha ofuscado o seu recente Oscar e sua incrível retomada da carreira. Depois de anos afastada de Hollywood (vejam só que ironia, dedicada à família), ela ressurge com dois sucessos de bilheteria (o primeiro foi o divertido A proposta) e conquista algo até então inédito: o respeito da crítica. Porque, vocês sabem, atrizes-que-fazem-mocinhas-em-comédias-românticas só podem fazer isso na vida. E o filme de John Lee Hancock foi sua grande chance de mostrar que está na hora de alçar novos voos.
Sai de cena a jovem apaixonada e atrapalhada, entra uma mãe de família determinada a ajudar um promissor talento do esporte a ser alguém na vida. A personagem ajuda, sim, porque é uma história em que a gente cria empatia de cara. E é mais legal ainda saber que é baseado na trajetória de alguém de verdade - é, nem sempre a vida termina em tragédia. Mas Sandra está segura como nunca, dondoca na medida certa, corajosa o suficiente. É bom ver gente ambiciosa, no bom sentido do termo, que não se conformam com rótulos. Afinal, eles servem para quê mesmo?
Um comentário:
Achei "Um Sonho Possível" um dos mais simpáticos filmes dos últimos tempos. Embora os questionamentos sobre como pode isso ou, como pôde aquilo. No início achei que fosse a tal da licença poética, mas...
Fui ao cinema sem saber que se tratava de uma história real. Aos poucos fui me entregando, me apaixonando pelo o que era contado. E, surpreso, me emocionei!
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