Festival do Rio 2009: Coco antes de Chanel

Cinebiografias são sempre uma incógnita. Na verdade, elas dependem 80% da história do personagem retratado - afinal, é pra isso que a gente vê esse tipo de filme, né? Se tiver muita tragédia, muito drama, muita superação, a chance de agradar às plateias é enorme (e os atores principais ainda garantem, pelo menos, uma indicação ao Oscar, vide Ray e Piaf, por exemplo).

Só que é muito difícil uma cinebiografia ir além disso. Acho que a preocupação de ser fiel à realidade é tanta, até mesmo em respeito ao biografado, que na maioria das vezes o resultado é uma obra careta. Coco antes de Chanel não foge muito à regra. Não é ruim, mas também não traz nada de novo - tudo que ele fala sobre a célebre estilista, antes da fama, como sugere o título, poderíamos ter lido numa boa reportagem.

Audrey Tautou até se esforça, fica mais embrutecida para a personagem, sem aquele ar angelical de Amélie Poulain. Mas a sucessão de fatos que vamos acompanhando, desde a infância num orfanato, o sonho de ser cantora ao lado da irmã, a ambição, até conseguir o sucesso em Paris, não despertam lá grande emoção. Até a ideia de mostrar uma Coco inovadora, que não se limitava às convenções da sociedade da época, principalmente na moda, soa um pouco tímida. Mas o filme tem seus momentos divertidos, bons diálogos e elenco competente. Dá pra ver sem medo, só fica faltando um pouco de molho.